Respira... res-pira!
Dez anos praticamente se passaram desde a última publicação aqui. E tanta coisa aconteceu. Mas, recentemente, vinha sentindo esta necessidade de voltar a este lugar. Mais para usar como um espaço de reflexão. Um diário (não necessariamente para ser usado todo dia), mas que vai ser registro de como as idéias têm se formado na minha cabeça e como eu estou, todos os dias, me tornando uma outra pessoa.
E, claro, por ser o blog TUDO DE PAPEL, como estou me tornando esta outra pessoa e como tudo isso se relaciona de alguma forma com o trabalho que eu faço.
Recentemente, uma encomenda estava tomando a minha mente e, percebi que não conseguia avançar na tarefa. Era um projeto bonito, que há tempos não fazia, onde a escolha dos materiais havia sido feita e todos os detalhes acertados.
Mas, por algum motivo, sempre acontecia algo que me impedia de avançar, seja um material que acabava e era preciso sair para fazer sua reposição, seja um imprevisto do dia, gerado muitas vezes pela nova rotina de ter os meus pais agora morando em casa, seja por uma indisposição minha, que, nunca ficava doente, mas que, nos últimos dias, vinha me sentido como se estivesse.
Como tenho feito recorrentemente, nestas horas, paro e olho para a situação e tento ver o que ela quer me dizer. Muitas vezes, uso a escrita livre, para fazer o download de pensamentos e entender qual o sentimento que aquela situação está me gerando e, uma vez, nomeado, tento entender o gatilho que a provocou e, assim, aplicar ferramentas para trabalhar naquela direção.
Ainda assim, não conseguia prosseguir.
Mesmo tendo feito este procedimento várias vezes.
Então, coloquei um prazo. E, como já fiz muitas vezes, me vi correndo nos últimos segundos para dar conta deste prazo, mas, desta vez, fiz diferente. Não falei para a cliente que tinha definido esta data de entrega, mas, como iria viajar, ele TINHA DE SER FEITO até aquela data, ou, isto se postergaria por pelo menos mais uma semana. Na minha mesa de trabalho, na minha mente.
Chegando na última meia hora, me dei conta que o projeto não havia ficado como eu tinha imaginado. Seu mecanismo não estava funcionando perfeitamente e isto me fez encarar uma outra coisa levantada pela minha psicóloga. Que eu talvez fosse viciada na adrenalina, e, por ter adquirido uma técnica tão boa nos últimos anos, me via no direito e sentia segurança suficiente de deixar para a última hora porque, eu COM CERTEZA daria conta do recado.
Se por um lado, me senti bem por ao menos ter me esforçado e tentado concluir o projeto (e, na verdade eu o conclui, só não ficou como deveria), eu fui viajar me sentindo uma fracassada de alguma forma. Eu deixei para a última hora de novo. Eu não dei conta. E eu falhei, já que o projeto não deu certo como deveria. E não havia mais tempo para revisar todas as etapas ou refazer o projeto, então, ele iria ficar ali, parado, por mais alguns dias.
Sim, este é o nível de auto cobrança que tenho comigo mesma. Sim, estes são os meus diálogos internos em sua maioria.
E, durante a viagem, quando abria o WhatsApp no celular, ficava pensando no que eu iria dizer para a minha cliente. Que eu havia perdido o prazo de novo, que eu havia me comprometido e tinha deixado ela na mão.
Voltei de viagem e o projeto continuava sobre a mesa de trabalho e eu evitava olhar para ele.
Mas, passados alguns dias, fui aos poucos percebendo a loucura deste diálogo interno. Eu não havia deixado ninguém na mão uma vez que não havia estabelecido prazo com cliente alguma. O prazo que eu tinha definido estava somente na minha cabeça! E, caso ela desistisse da encomenda, eu poderia facilmente vender para outra pessoa.
Quantas vezes a gente faz isso, não é?
Coloca metas que não pode atingir? Se propõe a fazer coisas que são impossíveis de serem alcançadas naquele prazo? Faz um cobrança em si mesma tão absurda... pra quê?
Apliquei então a auto compaixão e me dei um abraço e enfim, me convenci de que estava tudo bem. Mesmo se não estivesse tudo bem, estava tudo bem não estar. :)
Peguei o projeto e fui revisando todos os seus detalhes e vi que, na verdade um simples ajuste poderia resolver seu problema. E uma cola mais forte, aplicada nos pontos certos, iria resolver. Só teria de ter paciência para deixá-la secar devidamente. E assim o fiz. Agora sem culpa, com mais leveza, terminei enfim o trabalho. E me deu uma sensação muito boa. E, assim que terminei, escrevi para a cliente que ficou muito feliz com a notícia e combinamos a entrega.
Achei que a imagem da flor ilustrava muito bem esta história. Cada coisa a seu tempo.
Espero que vocês tenham gostado.
Mi
E, claro, por ser o blog TUDO DE PAPEL, como estou me tornando esta outra pessoa e como tudo isso se relaciona de alguma forma com o trabalho que eu faço.
Recentemente, uma encomenda estava tomando a minha mente e, percebi que não conseguia avançar na tarefa. Era um projeto bonito, que há tempos não fazia, onde a escolha dos materiais havia sido feita e todos os detalhes acertados.
Mas, por algum motivo, sempre acontecia algo que me impedia de avançar, seja um material que acabava e era preciso sair para fazer sua reposição, seja um imprevisto do dia, gerado muitas vezes pela nova rotina de ter os meus pais agora morando em casa, seja por uma indisposição minha, que, nunca ficava doente, mas que, nos últimos dias, vinha me sentido como se estivesse.
Como tenho feito recorrentemente, nestas horas, paro e olho para a situação e tento ver o que ela quer me dizer. Muitas vezes, uso a escrita livre, para fazer o download de pensamentos e entender qual o sentimento que aquela situação está me gerando e, uma vez, nomeado, tento entender o gatilho que a provocou e, assim, aplicar ferramentas para trabalhar naquela direção.
Ainda assim, não conseguia prosseguir.
Mesmo tendo feito este procedimento várias vezes.
Então, coloquei um prazo. E, como já fiz muitas vezes, me vi correndo nos últimos segundos para dar conta deste prazo, mas, desta vez, fiz diferente. Não falei para a cliente que tinha definido esta data de entrega, mas, como iria viajar, ele TINHA DE SER FEITO até aquela data, ou, isto se postergaria por pelo menos mais uma semana. Na minha mesa de trabalho, na minha mente.
Chegando na última meia hora, me dei conta que o projeto não havia ficado como eu tinha imaginado. Seu mecanismo não estava funcionando perfeitamente e isto me fez encarar uma outra coisa levantada pela minha psicóloga. Que eu talvez fosse viciada na adrenalina, e, por ter adquirido uma técnica tão boa nos últimos anos, me via no direito e sentia segurança suficiente de deixar para a última hora porque, eu COM CERTEZA daria conta do recado.
Se por um lado, me senti bem por ao menos ter me esforçado e tentado concluir o projeto (e, na verdade eu o conclui, só não ficou como deveria), eu fui viajar me sentindo uma fracassada de alguma forma. Eu deixei para a última hora de novo. Eu não dei conta. E eu falhei, já que o projeto não deu certo como deveria. E não havia mais tempo para revisar todas as etapas ou refazer o projeto, então, ele iria ficar ali, parado, por mais alguns dias.
Sim, este é o nível de auto cobrança que tenho comigo mesma. Sim, estes são os meus diálogos internos em sua maioria.
E, durante a viagem, quando abria o WhatsApp no celular, ficava pensando no que eu iria dizer para a minha cliente. Que eu havia perdido o prazo de novo, que eu havia me comprometido e tinha deixado ela na mão.
Voltei de viagem e o projeto continuava sobre a mesa de trabalho e eu evitava olhar para ele.
Mas, passados alguns dias, fui aos poucos percebendo a loucura deste diálogo interno. Eu não havia deixado ninguém na mão uma vez que não havia estabelecido prazo com cliente alguma. O prazo que eu tinha definido estava somente na minha cabeça! E, caso ela desistisse da encomenda, eu poderia facilmente vender para outra pessoa.
Quantas vezes a gente faz isso, não é?
Coloca metas que não pode atingir? Se propõe a fazer coisas que são impossíveis de serem alcançadas naquele prazo? Faz um cobrança em si mesma tão absurda... pra quê?
Apliquei então a auto compaixão e me dei um abraço e enfim, me convenci de que estava tudo bem. Mesmo se não estivesse tudo bem, estava tudo bem não estar. :)
Peguei o projeto e fui revisando todos os seus detalhes e vi que, na verdade um simples ajuste poderia resolver seu problema. E uma cola mais forte, aplicada nos pontos certos, iria resolver. Só teria de ter paciência para deixá-la secar devidamente. E assim o fiz. Agora sem culpa, com mais leveza, terminei enfim o trabalho. E me deu uma sensação muito boa. E, assim que terminei, escrevi para a cliente que ficou muito feliz com a notícia e combinamos a entrega.
Achei que a imagem da flor ilustrava muito bem esta história. Cada coisa a seu tempo.
Espero que vocês tenham gostado.
Mi
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